Banda Desenhada

A primeira edição da minha vida: Argon – um fanzine de banda desenhada portuguesa.

Atenção, não era SOBRE a BD, era uma edição de pranchas originais de um grupo de autores muito jovens, com uma média de 16 anos idade.

Presentemente é considerado o primeiro fanzine português de banda desenhada.

Saíram 5 números, os primeiros 3 em formato A4 e os dois últimos em A5.

Começou-se em stencil, com os desenhadores, no primeiro número, a fazerem os desenhos diretamente na cera, com um estilete.

No segundo número, grande conquista técnica! Graças ao stencil electrónico, os originais podiam ser as próprias pranchas originais, em papel, permitindo grandes melhorias quer no desenho, quer na impressão.

O terceiro número já tinha garantida a impressão em offset, o que era fundamental para o alargamento da distribuição a outros liceus, a base fundamental de leitores, apesar de outros interessados na Banda Desenhada manterem algum tipo de contacto com a revista.
Começou também uma experiência com personagens que ficcionavam os nomes dos próprios autores: O Grupo Alfa.

O quarto número mantém o Offset mas diminui para formato A5 de forma a beneficiar da diminuição de custos de impressão. Um fanzine de Banda Desenhada criada, gerida, distribuída e lida por adolescentes autónomos, antes do 25 de Abril, começou a ser incómodo, Não porque expressasse qualquer tipo de reflexão política, ou análise ou abordasse qualquer situação “censurável”.

Éramos todos muito jovens, no início das suas vidas, sem qualquer formação ou inclinação política, nunca tendo existido essa dimensão no Fanzine.

No número 4 surge uma história liderada por uma personagem feminina, uma vez que se tinha obtido autorização de distribuição em alguns liceus femininos de Lisboa.

O quinto e último número, mantém o formato A5. Os custos cada vez são mais difíceis de pagar. Os apoios financeiros desaparecem, a hipótese de publicidade nunca se concretiza, os colegas autores entram em percursos de vida diferentes, começam-se a desenvolver consciências políticas em ritmo,
profundidade e orientações diversas. A aventura acaba, as memórias são deliciosas.
Ainda procuro o número 5…  

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