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A Pérola do Caribe

Havana não é simplesmente Havana. É La Habana, em memória do seu nome de batismo: San Cristóbal de la Habana. Diz-se que a palavra Habana tem origem no nome do chefe Taino que controlava o local: Habaguanex. Porém, pouco se sabe ao certo sobre os Taino. Ou nada.

Como é evidente ao passear nas ruas de Havana, o seu passado colonial é esmagador. Interessa compreender que Havana tem um enorme historial. Por exemplo, no século XVII é uma das maiores cidades de toda a América, maior do que Boston ou Nova Iorque.

E continuou a crescer… E pode-se ver, passo a passo, pelas ruas da cidade velha.

Facilmente, numa ou outra rua, o mar das caraíbas espreita, logo ali ou lá mais ao fundo, entra pela cidade dentro, como se dissesse que é ele, e mais nenhum outro, o grande antepassado da cidade. Ou de toda a ilha.

Se o passado colonial espanhol está presente em vários edifícios, se a influência dos Estados Unidos está presente nos automóveis dos anos 50 – que estão por todo o lado – além da imponente réplica do Capitólio, que é assim como uma enorme estalada no nosso sentido de realidade, há uma outra presença que também é imensamente importante, mas que facilmente pode passar despercebida: a proeminência económica cubana, e não só, nos finais do século XIX e meados de XX, até à Revolução.

Mas já lá chegamos.

Automóveis do passado. Verdadeiras relíquias para passear turistas

Automóveis do passado. Verdadeiras relíquias para passear turistas

Primeiro os automóveis. É verdade que estamos sempre a tropeçar neles, especialmente nas avenidas e praças mais importantes, mas só a lata é americana. Bem, a lata americana… Mas o que quero dizer é que é só o exterior, normalmente imaculado e de cores bem vivas, só as carrocerias é que são originais. O resto, é a criatividade cubana em ação, lutando contra o bloqueio que lhe é imposto e que, entre outras coisas, os impedem de comprar carros novos.

Tivemos oportunidade de conversar com vários condutores e alguns proprietários dessas viaturas que nos foram detalhando a origem dos motores e diversas outras peças, incluindo partes de tabliers esculpidas à mão em madeira local e, quanto a mim, pedindo meças ao plástico original, ou mesmo à rainha do plástico: a baquelite.

A essa capacidade extraordinária de misceginização automobilística, de casar motores, embraiagens, caixas de velocidades e muitas outras partes provenientes dos mais dispersos construtores, irmanados ali, naqueles imensos e divertidos espadalhões.

Capitólio cubano

Capitólio cubano

Relativamente ao Capitólio cubano, imponente, como se pretendia, foi construído em 1929 e destinado ao governo da altura, que pretendia estar a par com os seus vizinhos dos EUA e da Europa, mas com alguns “toques” de criatividade do seu arquiteto, Eugenio Raynieri, que tendo nascido em Cuba e sem descurar a encomenda, claramente um símbolo de poder americano, Cuba também é américa, claro, mas que, sincreticamente, não desdenha a sua filiação europeia, tendo para o efeito seguido a forte inspiração da cúpula do Panteão de Paris. Assim, arte e Poder, pois então.

Não esqueçamos, o nosso Panteão de Santa Engrácia. Quem estiver livre de pecado, que atire a primeira cúpula, claro.

Fidel Castro, pouco depois do sucesso da revolução que comandou, proclama na escadaria do Capitólio, já então seu, que aquela não será a morada do novo governo cubano, que não seguirá nem adotará aqueles símbolos capitalistas. A verdade é que aquele extraordinário e imponente edifício é agora a sede da Academia Cubana de Ciências.

Caramba, diria eu, que é muita ciência! Se houve coisa em que a revolução e os líderes cubanos se mostraram exímios foi na manipulação simbólica. Este é um exemplo magnífico desse espírito de afirmações que se exprimem num nível para alcançar e abarcar, não um, mas muitos outros níveis, servindo assim de exemplo, de guia.

Regressando a esse nível subjetivo em que La Habana está envolvida numa espécie de neblina simbólica e secular, saltando a parte do século XVII em que os espanhóis usaram Cuba como ponto de escala para o seu império, mesmo contando com as Filipinas, no Pacífico, cujos galeões aportavam na costa mexicana do Pacífico, para a sua carga atravessar, por terra, as lonjuras mexicanas e depois, de novo por galeão, aportavam em Cuba, para finalmente atravessarem o Atlântico e navegarem até aos portos ibéricos.

Ainda no domínio de nuestros hermanos, Havana era o mais importante porto das américas, todas elas, aí estando instalada a maior doca seca daqueles continentes, o que constituía um ponto fulcral e estratégico do mundo dessa altura.

Porém, muito mais recentemente, já no século XIX, Cuba e Havana, eram extremamente desenvolvidos em comparação com todos os outros países do mundo. Tinha mais teatros que Paris – era conhecida como a Paris das Antilhas, ou Caribe – nomeadamente o Teatro Tácon, o mais sumptuoso do mundo e natural motivo de inveja na Europa. Um outro indicador desta pujança, foi o quinto país do mundo a construir uma linha férrea.

Camilo Cienfuegos na gigantesca Praça da Revolução

Esta proeminência a nível mundial forneceu a Cuba um glamour que a Revolução não matou, apenas pintou de outras cores. O romantismo dos seus revolucionários, a começar por Che Guevara, mas estendendo-se a Fidel e até Camilo Cienfuegos, entre tantos outros heróis, forneceu outros matizes a esta atração, mas não a aniquilou. De forma alguma.

É toda esta força de história, acumulada pelos séculos, que sentimos ao deambular pelas ruas da cidade, observando os edifícios decrépitos, mas de arquitetura ambiciosa, por vezes até exuberante. As operações de recuperação apenas reabilitaram uma pequena parte deles. Fosse possível uma ação mais poderosa e Havana seria resplandecente.

Comparando com outras capitais sul americanas, não estão lá os modernos arranha céus que o capitalismo produz. Mas a imponência não se mede só em altura e espelhos.

A Epopeia do Comboio

O nosso primeiro objetivo em Havana era comprar um bilhete de comboio para Santiago, na ponta Este da ilha, a cerca de 1000 Km, numa viagem de quase um dia.

Fomos pela Rua Neptuno fora, logo a partir da gelataria e pastelaria Dulces Dulcinea. Que explorámos posteriormente, com bolos ou fatias com cremes de um azul tipo alguidar de plástico, enfim, tudo menos atraentes.

Passado o largo Passeo del Prado, onde está implantado o magnífico Capitólio, além de vários hotéis imensamente estrelados, bordejados por filas de espetaculares automóveis, relíquias do Baby Boom americano, continuámos na busca da Estação Central.

Continuando a caminhar por ali fora, atraídos por tudo e por nada, que não faltavam motivos de curiosidade, fomos dar ao Parque de Los Agrimensores, onde resta ainda um pedaço das antigas muralhas da cidade, proteção possível contra piratas, corsários e bucaneiros.

Bem, piratas são todos. Pois, e mais esses, a diferença entre corsários e bucaneiros é que os primeiros tinham permissão de se dedicar à guerra de corso, que é como quem diz, à pirataria. Quanto aos bucaneiros, eram simplesmente os corsários franceses que aportavam em Hispaniola, o atual Haiti e deviam o seu nome à grelha da carne, o Bucán. Quem diria…

E finalmente, esquina dobrada, ali estava a entrada do edifício da bilheteira. E um magote de umas dezenas de pessoas.

Na nossa ingenuidade pensávamos que comprar bilhetes seria uma questão de disponibilidade de lugares.

Ah a simplicidade ocidental!

O comboio que nunca vimos

Antes de mais, havia que aprender uma coisa muito simples que funciona em toda a ilha, o método da cola, ou fila, ou bicha. À primeira vista a maralha faladora que se espalha pelas imediações era desorganizada, mas não, nada disso. A chave – genial – era simplesmente perguntar: quem é o último? E pronto estava tudo feito e podíamos mesmo ir ali ou acolá, voltar e pronto, mantinha-se a referência.

Ao fim de longa espera e muitas vicissitudes lá conseguimos entrar no vestíbulo da bilheteira, grande e espaçoso, com imensos lugares sentados, ocupados também por ordem de chegada.

Ah, finalmente a oportunidade de eleição de chegar ao guichet e poder falar com a funcionária.

Aprendemos que, por definição, em Cuba, quem atende o público nos serviços do estado deve estar mal humorado e tratar mal quem chega. É uma questão de poder: ninguém confia nos funcionários simpáticos e disponíveis. Se forem assim é porque não passam da categoria de badameco.

Então a antipática personagem que me olhava do outro lado do tabique retorquiu: bilhete? Não! Posso dar-lhe uma senha para vir daqui a dois dias ver se há bilhetes. Ainda mais ingenuamente perguntei, “mas pode não haver?” Suspirou em busca dos seus últimos grãos de paciência no mais âmago dos âmagos da sua alma e retorquiu: “mas pelo contrário, cariño, pode é haver. Mas duvido”.

E pronto, caiu ali cerce a nossa esperança de atravessar a ilha de comboio. O destino – e a revolução – apontavam para a opção do autocarro…

Adivinho a vossa suspeita. Então aviões, táxis, carros alugados, etc. Bem, primeiro, Cuba não é terra de eteceteras. Depois, caímos numa das mais exigentes crises de carência de combustível: voos internos suspensos. Sem gasolina nos postos de venda, invariavelmente fechados, o único transporte a funcionar era mesmo o autocarro.

A Aventura das Cuecas

Descobri então que as cuecas que trouxe não iriam dar para as encomendas. Eu sei, é trivial, mas a necessidade aguça o engenho e, convenhamos, qualquer razão é boa para passear em Havana. Procurar cuecas é uma aventura como outra qualquer.

Devo confessar que as primeiras tentativas foram frustrantes. As segundas também.

Para resumir e abreviar, não havia. Mostravam-me umas coisas que ficavam entre roupa de bonecos e de criança. Isto levou-me a observar um pouco os homens cubanos que, como eu, deambulavam pelas ruas. Tirava-lhes as medidas e cogitava que tamanho de cuecas usariam.

Não faltavam gordos, corpulentos, ou seja, ainda maiores do que eu.

Que diabo, pensei para com os meus fechos de correr, mas onde é que eles compram as cuecas?

Foram os meus simpáticos hospedeiros, Andrés e Yrelis, que me deram uma possível solução.

O Centro Comercial!

Ora aqui há que esclarecer alguma coisa sobre o Peso Cubano. Até há pouco tempo havia dois, o Peso Cubano (CUP) e o peso conversível, CUC, para os turistas, equiparado ao dólar. O EURO, em Cuba é igualzinho ao dólar, vale o mesmo.

Este imbróglio, que era semelhante em todos os países comunistas – encontrei o mesmo na China – foi ultrapassado em Cuba com inteligência e graças aos meios digitais.

Existe um cartão cubano, tipo VISA, que permite aos cubanos fazer compras em divisa. Quanto a nós, turistas, temos os nossos cartões que permitem fazer compras nos estabelecimentos que a isso obrigam. E extinguiram assim a moeda conversível.

A caminho do tal grande centro comercial, o Plaza Carlos III, com lojas que não faziam muito sentido na nossa ideia de Centro Comercial, como uma enorme loja de plásticos chineses. Contava ainda com um grande parque infantil na cave, sem esquecer a respetiva gritaria infernal da miudagem, que ecoava por todo o edifício.

Mas tinha cuecas.

Curiosamente, a caminho do centro tropecei com o imponente edifício da Grande Loja de Cuba. A Maçonaria é aqui legal e até protegida. Acabei por me deparar por diversas Lojas Maçónicas em todas as cidades.

Grande Loja de Cuba

Diziam-me que uma vez que o poeta José Martí era maçon e era o pai da pátria cubana, a forma de encarar a maçonaria foi sempre benevolente. Não sei se Fidel seria Maçon, mas suspeito que seria Grão-Mestre.

Continuamos o nosso passeio pela cidade, sem poder visitar o Museu da Revolução que estava encerrado para obras. Para colmatar esta carência, resolvemos visitar a gelataria Dulcineia onde, mais uma vez, a minha inocência se manifestou.

“Que sabores tem?” Perguntei. A senhora olhou-me com complacência e respondeu: “Temos baunilha, cariño”. E era o que havia.

Para jantar queríamos algo mais leve do que uma refeição de restaurante e, seguindo uma vez mais a sugestão de Yrelis fomos a uma pizaria na nossa rua que, segundo nos foi dito, era muito boa. E era.

Chegámos e quando me aproximei para perguntar cheio de orgulho quem era o último da fila, o sistema ali não era assim. Oh a deceção!

Quando chegávamos encomendávamos a piza que queríamos – havia mais opções do que na gelataria – e aguardávamos.

As pessoas que aguardavam eram muito diferentes. Desde séniores, como nós, até jovens de motoreta e ar rebelde. Havia também muitos que chegavam apenas para comprar uma garrafa de rum e zarpavam de imediato.

Além das várias pizas, havia umas quatro à escolha, havia uma outra opção: ou trazer as pizas, num papel de embrulho, só para proteger a mão, aí com 20×20 cm2 ou numa caixa, coisa burguesa que custava 5 pesos.

Abaixo a burguesia e quem a quer comer!

Rum e Charutos

Seria impossível escapar a esta dupla que não sendo unicamente cubana é claramente uma indústria que a define.

Eu não fumo nada e a minha companheira não fuma charutos. Aliás, não sai de casa sem os seus amados SG ventil, que fuma dois por dia, o que deve corresponder a um cigarro normal.

Não fomos à mais famosa fábrica de charutos de Havana, a Partagas, senti que faria disparar as minhas alergias. Porém, havia “torcedores” de charutos por todo o lado, os mesmos que todos os guias avisam para não comprar.

A sua perícia era tal, enrolando tabaco em tabaco, que até fazia parecer tarefa fácil. Qual quê!

Mas visitámos o museu Havana Club, que, tal como nos confidenciou um turista holandês com quem nos cruzámos na visita, era a forma mais barata de beber rum ou mojito. Confirmei a informação.

O museu era muito bem apetrechado e tinha até uma maquete funcional, com comboio elétrico e tudo, com plantações, engenhos de extração de melaço, destilaria fumegante, por aí fora.

Acabava num bar tipo “Cheers” da famosa série de tv, balcão corrido a debitar rum e mojitos, rodeado de armários com

A guerra do rum…

A guerra do rum…

portas de vidro, exibindo garrafas de rum com anos e anos, reserva e mais reservado ainda, atingindo preços fabulosos.

E para mim era apenas rum…

O não menos famoso Bacardi, antigamente sediado em Santiago de Cuba, foi expropriado e expulso de Cuba. Ainda hoje existe, mas produzido fora da ilha.

A marca Havana Club, também vítima de expropriação da sua família proprietária, os Arechabala, é agora produzido em parceria com a enorme empresa da Pernod Ricard.

Manda a verdade dizer que a Bacardi, empresa ainda familiar, adquiriu a marca Havana Club à família Arechabala e está ainda hoje em disputa na justiça com o poder cubano.

Quanto aos charutos, já no aeroporto, numa loja da especialidade, acabei por comprar uma pequena caixa para o meu mais novo. Descobri depois que a mesma caixa da mesma marca era muito mais barata na papelaria aqui do bairro.

O Malecón

O primeiro chamamento para o Malecón, para ser sincero, aconteceu na véspera com o forte ribombar do cañonazo, um disparo de canhões desde a Fortaleza San Carlos de la Cabaña, do outro lado da entrada de mar para o porto de Havana, frente ao Malecón.

É uma tradição com início no século XVII e que se mantém até hoje. No princípio anunciava o fecho da cidade dentro dos seus muros, agora… é um caça pesos aos turistas.

O Malecón é um passeio marítimo com 8 km, um passeio delicioso com o velho Caribe ao nosso lado.

O pavimento do passeio está meio arruinado. Mais de meio, na realidade. Imagino que, como acontece na marginal, em Lisboa, é o mar que se apressa a arremessar pedregulhos, afirmando o seu poder e o seu domínio que não é verdadeiramente desafiado. Igual, mas sem manutenção.

Passear pelo Malecón é assim como passear numa obra literária, por exemplo de Leonardo Padura, é um prazer, um verdadeiro privilégio.

Vários cocotáxis nos abordavam, interpelando-nos desde a avenida. Não estávamos interessados. Vários descapotáveis americanos nos desafiavam para um tour… Ná, nada nos faria abandonar o Malecón, a passear de mão dada com o Caribe…

Nada, é como quem diz. Do outro lado da avenida lá estava a Copélia, a mais famosa gelataria cubana, com lojas por todas as cidades, a chamar-nos com o seu sorriso fresquíssimo.

Até na Copélia só havia um sabor. Era um sabor de… qualquer coisa que não consegui entender e já não tive coragem de pedir para repetir o nome ainda mais vezes. Uma vez que só havia aquela opção, sem pensar mais pedi dois, ao fim e ao cabo, era que há cá, o cá-cá.

Estátua de John Lennon. Antes, com óculos, e como o encontrei, já sem óculos…

Andámos e descansámos e repetimos, mais e mais, até o objetivo ser possível, sempre a pé.

Como os locais dizem, em Havana há dois Lenines: o Lenin e o Lennon.

Os Beatles foram banidos pelo regime até Fidel contemporizar, reconhecendo então que Lennon, à sua maneira, era também um rebelde em busca da sua revolução. Certamente não a mesma como a que se iniciara na Sierra Maestra, mas uma revolução de qualquer das formas.

Há um Parque Lennon, perto do Vedado, um parque não muito grande, mas que muitos jovens elegeram para treinar as suas rimas de hip hop, e mesmo na esquina, uma discoteca chamada Yellow Submarine, decorada a preceito, com um palco para concertos e um porteiro antipático.

Fiz questão de ser fotografado ao lado da estátua de bronze do músico de Liverpool. Dizem que no início a estátua tinha óculos, mas que estavam sempre a ser roubados. Depois puseram um guarda. E, finalmente desistiram.

Ninguém contém o povo para sempre…

One thought on “A Pérola do Caribe

  • Reinaldo Ribeiro

    Esta foi uma revisitação de Havana, mas agora vista por ângulos diferentes, que me escaparam da primeira vez. Assim, nesta crónica vi História, vi arquitectura (colonial), vi lojas pseudo-modernas, andei a pé pelas ruas, vi os produtos (rum e charutos) de interesse turístico, deliciei-me com os gelados, com o passeio pelo Málecon, pela inventividade cubana, no entanto, senti a ausência da constante musicalidade que paira nas ruas estreitas de Havana e do calor humano que ela provoca.
    Foi mais uma viagem, cheia de particularidades, com que o cronista nos deliciou.

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